sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Leandro Henrique, o novo dono da raia carioca

Leandro Henrique: O novo dono da raia.
Por favor. Não me falem em descarga de três quilos. E nem responsabilizem os páreos de índice técnico pelo sucesso do aprendiz Leandro Henrique. Isto seria tremenda injustiça com o garoto. Claro que ninguém é tão burro para não saber que a descarga favorece. Se não fosse assim ela não existiria para equilibrar as coisas entre os jóqueis experientes e os novatos. E também ninguém é ingênuo para não saber que as provas equilibradas por escala de peso beneficiam os pilotos leves. Mas, e o outro lado da moeda? Em qualquer esporte no Brasil, se um iniciante obtivesse, da noite para o dia, o resultado desta jovem promessa à mídia já teria estampado a sua biografia nas televisões, redes sociais e nos demais meios de comunicação. Os feitos notáveis do menino seriam tema nas mesas-redondas de esporte.
Mas, há muito tempo o turfe não sabe valorizar os seus ídolos. E se isso tem sido sempre foi assim, o que dizer então, das promessas de ídolo. Estes então, nem se fala. Na década de 70 e 80, Juvenal Machado da Silva e Jorge Ricardo, duas estrelas de primeira grandeza, foram responsáveis por manter os meios de comunicação de massa sempre vigilantes as suas proezas nas raias cariocas. Os recordes, os números, os duelos, enfim, tudo girava em torno deles para que o turfe conquistasse espaço nas páginas de esporte e nas televisões. Juvenal se aposentou. Ricardinho foi embora para a Argentina. Surgiram Dalto Duarte e Vagner Borges. Dois bons jóqueis, dois bons garotos. Porém, nunca se comportaram como ídolos carismáticos. Eles não sabiam como agir. Eles jamais receberam por parte dos dirigentes do Jockey Club Brasileiro, a orientação de como isto seria possível.  
Leandro Henrique está aí. Talentoso, trabalhador, educado e tranquilo. Começa a sua carreira, precedido da mesma fama que Neymar tinha quando subiu para o time profissional do Santos Futebol Clube. Todos sabiam que Neymar Júnior era acima da média do jogador de futebol comum. No turfe todos avisaram quando Leandro chegou de Pernambuco que o seu sucesso era inevitável. Se os treinadores de Neymar ficaram encantados como ele nos primeiros treinos coletivos, o mesmo aconteceu com Leandro. O professor da escola de aprendizes, Marcelo Cardoso fez os maiores elogios a ele, numa conversa particular comigo. “O menino tem tudo de bom. E não falo apenas pelo aspecto técnico, que é indiscutível, mas também pelo caráter e comportamento”, afirmou Cardoso com a autoridade de ter sido um dos jóqueis mais bem sucedidos do Brasil.

O turfe carioca deve apostar as suas fichas no garoto. Ele deve ser blindado contra as más influências. Ele precisa ser orientado com relação aos cuidados necessários da profissão. No início da carreira de Neymar, a diretoria do Santos disponibilizou psicólogo, nutricionista, fisiologista, preparador físico, enfim, tudo para que ele desse os seus primeiros passos no futebol. Os dirigentes do Jockey Club devem fazer o mesmo com a nova joia do turfe carioca. A caminhada de Leandro Henrique depende mais dele próprio do que de qualquer pessoa. Afinal, ele tem o respaldo da família, um bom agente de montarias, Danilo Aglio, e um instrutor competente, Marcelo Cardoso.
Mas, seria bom também, se o Jockey Club Brasileiro lhe desse tratamento especial. Um tratamento de estrela. Leandro Henrique é a melhor aposta do turfe carioca na atualidade. O menino prodígio pode levar o esporte de volta a mídia em geral e aos meios de comunicação de massa através do seu deslumbrante talento para montar. E com um detalhe mais importante: trazer jovens e crianças ao prado, todos curiosos para ver em ação o menino que desbanca os marmanjos no manejo das rédeas. A nova televisão do Jockey Club vai estrear em breve. E pode eleger L. Henrique o protagonista desta nova era.

Leandro Henrique lidera a estatística carioca com 29 vitórias, em menos de dois meses de temporada. Se por um lado, à descarga de três quilos e os páreos de índice técnico lhe favorecem, de outro ele enfrenta na raia alguns dos melhores jóqueis em atividade no turfe nacional. Leandro está longe de casa, longe da família, enfrenta a disciplina rígida da escolinha de aprendizes, que o obriga a acordar diariamente às 4h30m da madrugada. Trabalha das 5h até às 9h da manhã e depois ajuda nas tarefas da escola. Assiste a palestras sobre veterinária, filmes das corridas, e outros assuntos relativos à perigosa profissão de jóquei. Da noite para o dia saiu do anonimato para ser o rival número um de todos os colegas na raia. Enfim, o cara a ser batido.
por Paulo Gama - Site: Raia Leve.